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A Nova Fronteira da Segurança em IA: O Protocolo de Contexto do Modelo (MCP)

6 min readMay 25, 2025
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Olá a todos! Como entusiasta do campo da segurança de Inteligência Artificial e Modelos de Linguagem de Grandes Escala (LLMs), tenho me aprofundado nas complexidades e nos desafios que surgem com o avanço dessas tecnologias. Este artigo é o fruto de meus estudos e explorações sobre um tópico que considero crucial para o futuro da IA: a segurança do Protocolo de Contexto do Modelo (MCP). À medida que os LLMs se tornam cada vez mais sofisticados e autônomos, sua capacidade de interagir com o mundo real e com fontes de dados externas é crucial para desbloquear todo o seu potencial. Essa interconectividade, embora poderosa, introduz uma nova camada complexa de desafios de segurança, especialmente com o advento do MCP. Ele é um protocolo vital que permite que sistemas de IA e agentes interajam dinamicamente com ferramentas e dados externos em tempo real, mas também abre portas para vetores de ataque.

Compreendendo o Protocolo de Contexto do Modelo (MCP)

O MCP foi projetado para facilitar a comunicação estruturada e segura entre modelos de IA e seus ambientes externos. Essencialmente, ele permite que os LLMs usem “ferramentas” que podem ser APIs, bancos de dados, sistemas de arquivos ou até mesmo a execução de código, para buscar informações, executar ações e interagir com serviços. O funcionamento do MCP baseia-se em três componentes principais:

  1. Hosts MCP: O ambiente onde o LLM ou agente de IA reside e inicia as chamadas de ferramentas.
  2. Clients MCP: A biblioteca ou módulo que o agente de IA usa para formatar e enviar solicitações para o servidor MCP.
  3. Servers MCP: O ponto de extremidade que recebe as solicitações do cliente, as traduz em chamadas de ferramentas reais e retorna os resultados.
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Essa arquitetura dinâmica é um divisor de águas, mas, como qualquer tecnologia que interage com dados externos e funcionalidades, apresenta um campo fértil para vulnerabilidades.

Os Riscos de Segurança Emergentes do MCP

A natureza interconectada do MCP introduz riscos de segurança significativos que ultrapassam as preocupações tradicionais de prompt injection em LLMs. Os ataques no ambiente MCP podem ser muito mais diretos e impactantes, explorando as interações com ferramentas externas. Entre os principais riscos, destacam-se:

  • Envenenamento de Ferramentas (Tool Poisoning): Um atacante pode manipular a saída de uma ferramenta ou a própria ferramenta para fornecer informações maliciosas ou enganosas ao LLM. Isso pode levar o agente a tomar decisões erradas, vazar dados ou executar ações não intencionais. Por exemplo, uma ferramenta de pesquisa de mercado comprometida pode fornecer dados falsos, levando o agente a investir em ativos fraudulentos.
  • Exfiltração de Dados: Se um agente de IA tiver acesso a dados sensíveis através de uma ferramenta e essa ferramenta for comprometida ou o agente for enganado, dados confidenciais podem ser exfiltrados para um atacante externo.
  • Comando e Controle (C2): Um agente malicioso pode ser induzido a usar uma ferramenta para se comunicar com um servidor de comando e controle controlado pelo atacante, permitindo que o invasor envie instruções e receba dados.
  • Subversão de Identidade: Um agente pode ser induzido a “personificar” outra entidade ou usuário legítimo, acessando recursos ou executando ações com privilégios elevados.
  • Manipulação de Saída de Ferramentas: Similar ao envenenamento, mas focado na manipulação da resposta de uma ferramenta. Um atacante pode injetar código malicioso ou instruções enganosas na saída de uma ferramenta, que o agente de IA então processa e executa.
  • Ataques de Confiança na Ferramenta: A IA confia implicitamente nas ferramentas que usa. Se uma ferramenta for comprometida, as ações do agente de IA podem ser diretamente controladas pelo atacante.

Estratégias de Mitigação e Melhores Práticas

A segurança do MCP exige uma abordagem multifacetada, integrando princípios de segurança de software tradicionais com as especificidades da IA. A comunidade de segurança, incluindo a OWASP, tem defendido uma postura de “defesa em profundidade” e “Confiança Zero”.

  1. Validação de Entrada e Saída Rigorosa: Todos os dados que entram no LLM a partir de ferramentas e todas as saídas geradas pelo LLM para as ferramentas devem ser validados e higienizados. Isso inclui a verificação de tipos de dados, limites e a sanitização de caracteres especiais ou código malicioso.
  2. Princípio do Menor Privilégio: Os agentes de IA e as ferramentas devem ter apenas as permissões mínimas necessárias para executar suas funções. Limitar o escopo das ações e o acesso aos recursos reduz o impacto de um possível comprometimento.
  3. Segurança da Ferramenta e da API: Todas as ferramentas e APIs utilizadas pelo MCP devem ser seguras por si mesmas. Isso inclui autenticação forte, autorização robusta, criptografia em trânsito e em repouso, e auditorias de segurança regulares nas próprias ferramentas.
  4. Monitoramento e Detecção de Anomalias: Implementar sistemas de monitoramento contínuo para detectar comportamentos anômalos por parte dos agentes de IA ou das chamadas de ferramentas. Isso pode incluir o monitoramento de padrões de uso incomuns, volumes de dados, ou chamadas para URLs suspeitas.
  5. Ambientes Isolados (Sandboxing): Isolar a execução das ferramentas em ambientes “sandbox” para limitar o dano potencial em caso de comprometimento. Isso garante que, mesmo que uma ferramenta seja explorada, o ataque seja contido e não possa afetar o sistema hospedeiro ou outros componentes críticos [Microsoft Security Blog, 2024].
  6. Gerenciamento de Identidade e Acesso (IAM) para Agentes: Tratar os agentes de IA como “entidades” que precisam de suas próprias políticas de IAM, controlando explicitamente a quais ferramentas e recursos eles podem acessar.
  7. Transparência e Explicabilidade: Construir sistemas de IA onde as decisões e as chamadas de ferramentas sejam auditáveis e compreensíveis, facilitando a identificação de comportamentos maliciosos.
  8. Colaboração Aberta e Padronização: A natureza rápida e evolutiva das ameaças à segurança da IA exige uma colaboração contínua. Iniciativas como o OWASP GenAI Security Project e sua Agentic Security Initiative são cruciais para compartilhar conhecimentos, desenvolver melhores práticas e criar padrões abertos para a segurança da IA e do MCP.

Conclusão

O Protocolo de Contexto do Modelo representa uma capacidade poderosa para a próxima geração de aplicações de IA, permitindo que os LLMs interajam e ajam de maneiras cada vez mais sofisticadas. No entanto, com essa capacidade vem uma responsabilidade significativa em relação à segurança. Os riscos de envenenamento de ferramentas, exfiltração de dados e comando e controle são reais e exigem uma abordagem proativa e colaborativa. Ao adotar princípios de defesa em profundidade, Confiança Zero e ao participar ativamente de iniciativas da indústria, podemos construir um futuro onde a IA seja não apenas poderosa, mas também intrinsecamente segura. A segurança da IA é uma jornada contínua, e o MCP é, sem dúvida, uma das fronteiras mais críticas a serem protegidas.

Referências:

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Fernando Silva
Fernando Silva

Written by Fernando Silva

Application Security Engineer | OWASP Chapter Leader | AppSec | MSc CyberSecurity | Systems Development Analyst

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